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AMADEUS MOZART, O INICIADO – PARTE 2

AMADEUS MOZART, O INICIADO – PARTE  2

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No texto anterior, vimos de maneira introdutória as bases sobre as quais se assentaram o Processo Iniciático de Mozart, sua relação com a Maçonaria e a postura que ele tomou diante das dificuldades que surgiram ao longo de quase 20 anos de seu desenvolvimento. Embora ele tenha morrido cedo, é importante lembrar que ele já se relacionava com a sociedade, com o clero e com a corte, desde a mais tenra idade, o que viabilizou exaustivas vivências e problemas que muito poucas pessoas teriam tido a oportunidade de viver mesmo aos 50 anos de idade, sua vida foi intensamente vivida, e cremos, também sabiamente vivida.

Aos 16 anos, em 1772, Mozart compõe uma ária sobre as palavras de um hino ritual, O heiliges Band. No ano seguinte (1773), é escolhido por Gebler, como já vimos, depois da defecção de dois músicos maçons, um dos quais Gluck, para escrever a música de cena do drama maçônico “Thamos”, de que já fizemos notar a analogia de assunto com a Flauta, e que ele remaneja em 1779. Quando viaja a Paris, em 1778, leva no bolso uma recomendação de von Gemmingen para os maçons da capital francesa, especialmente para os membros da Loja Olímpica cujos concertos estão ligados aos do Concerto Spirituel, dirigido por Lê Gros, o qual é membro da Loja Saint Jean d’Écosse du Contrat Social. Von Gemmingen o espera na volta, em Mannheim, para propor-lhe a Semíramis de que já falamos. Van Swieten e von Sonnenfelds são seus companheiros, bem antes que ele fique sabendo das altas funções que desempenham na maçonaria vienense. E a lista continua… Como se vê, a iniciação de Mozart não foi um gesto teatral, mas o termo de uma evolução lentamente preparada, a mesma que ele procurará retratar simbolicamente no primeiro ato da “Flauta mágica”.

Aí vemos algo interessante. A chamada direção oculta do processo. Um trajeto lentamente preparado. Imediatamente pensamos que isso ocorre dentro do terreno tridimensional. Mas sabemos que poucas são as pessoas que estão “despertas”, mesmo os cavalheiros que estão vivendo um autêntico processo iniciático normalmente vivem adormecidos, ou vendados, então fica a pergunta, quem conduz? O Governo Oculto Planetário. Veneráveis Seres de Bondade e Consciência. Veneráveis Mestres, que já despertaram e passaram à outra margem. Pode-se afirmar sem medo de errar que atualmente pessoas de condição espiritual mediana, que estão buscando de maneira autêntica a sua superação, estão sendo acompanhadas de perto por esses Mestres. E no caso de pessoas que tiveram ou têm uma missão especial a cumprir? Como será?

Doloroso está em buscar a guiatura do Cego (buscá-la fisicamente), porque quando Cego guia Cego, normalmente ambos caem no abismo.

“A 14 de dezembro de 1784, ele dá o passo decisivo. Apresentado no 5 de dezembro à Loja À Benfeitora (zur Wohltätigkeit) cujo Venerável não é outro senão seu libretista de “Semíramis”, Otto von Gemmingen, é aí iniciado no grau de aprendiz, e atravessa, com uma convicção de que é testemunha toda a sua obra posterior, as provas rituais que aparecem de maneira estilizada ao longo do segundo ato de sua ópera.”

Seu rito iniciático tem a função de apresentar os processos a serem vivenciados, isso fica gravado de tal forma em sua estrutura psíquica e espiritual que depois é inevitável ele repassar para a sua Obra Magna (A Flauta Mágica).

“Esse fervor maçônico é confirmado por um avanço rápido, porém não excepcional para a época: menos de um mês depois da sua entrada, a 7 de janeiro de 1785, é iniciado no grau de companheiro, e três meses depois, no de mestre (22 de abril).”

Os graus físicos (entregues na terceira dimensão), os chamados graus simbólicos da maçonaria, são de fato o que o próprio nome diz e demonstra, simbólicos, é uma representação no plano da matéria do possível desenvolvimento que deve haver nas dimensões suprassensíveis desse Ser. Ele deve se Construir, utilizando todos os frequentes obstáculos, beijando o látego do verdugo, dobrando a sua vontade egoísta e pessoal em prol de um fruto  doce e superior… O treinamento físico é aplicado, os problemas aparecem com frequência, as provas se apresentam e o simbólico processo vivido no Rito Introdutório é possível ser “qualificado” de maneira real.  Aí sim, viria de fato e por direito a Maestria na Vida, a qualificação autêntica preconizada, inspirada, sugerida de maneira extraordinária nos eventos simbólicos que ele próprio viveu e que sabiamente retratou em sua ópera.

Detalhe importante se nos lembrarmos do que foi dito sobre as relações entre Mozart e von Born: é na Loja presidida por esse último, Zur wahren Eintracht, e não na de Mozart, que ocorreu a iniciação do músico no grau de companheiro. Com efeito, dez dias depois de sua primeira iniciação, a 24 de dezembro de 1784, Mozart fazia uma visita oficial à Loja de von Born, apoiando-se num pedido da Benfeitora, e tendo em vista sua admissão no segundo grau; a iniciação foi celebrada a 7 de janeiro de 1785. É neste momento, observemos, que Mozart compõe o seu famoso quarteto chamado de “As Dissonâncias”, cuja introdução desconcertou tantos músicos, e que anuncia com fidelidade a da futura abertura da Flauta mágica. E é ainda nessa Loja que, duas semanas mais tarde, será votada a 24 de janeiro a admissão de Haydn, fixada para 28 de janeiro.

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No drama das relações físicas Ele soube contrapor e transformar em HARMONIAS os movimentos……. as dissonâncias em si mesma e por si mesma aparentam uma suposta contradição sonora, extrair da dissonância sonora a harmonia é preciso conhecimento Intuitivo de uma realidade de tipo superior e escondida, oculta naquelas farpas. Vamos encontrar aí três (3) valores inerentes à musicalidade (que derivam de 3 valores superiores), Concordância, Dissonância e Resolução…..  uma afirma (concordância), outra nega (dissonância) e a terceira concilia (resolução)….  entre os séculos XVII até fins do século XIX se exigia que toda composição musical que tivesse dissonância terminasse numa resolução….. harmonias das harmonias. Dentro dos estudos mais aprofundados da música deveria se colocar todos os eventos e situações pares ou ímpares dentro de uma perfeita coesão melódica (a resolução). Esses trechos dissonantes representavam períodos da Iniciação onde nada se encaixava, onde nada parecia correto. Onde a desarmonia fazia o Caminhante do Sendeiro questionar inclusive a veracidade do que vivia. Dizia o Cristo; era possível destruir o Templo e Reconstruí-lo em três dias. A reconstrução deveria ser feito dentro do intervalo maior de 3 Iniciações e três graus, até que pudesse aquele Ser nascido ser considerado Homem para carregar a poderosa Cruz. Harmonias das Harmonias, beleza das belezas, a última grande negação, a última grande dissonância, para chegar ao seio da conciliação superior, o encontro supremo consigo mesmo em outra esfera da existência, uma casa sua, própria do Povo. Ali então naquele momento uma só pessoa não poderia entregar isso, deveria ser um trabalho de uma nação, onde cada centavo deveria ser recolhido como o óbulo da viúva para que essa reconstrução fosse feita pelo Cristo e não por homem algum. Porque se Ele derrubou, Ele deve reconstruir.

Vejamos o que o Mestre Samael nos fala sobre:

A mente do Arhat precisa compreender a fundo o que significa a alegria e o
otimismo. Quando entramos no templo elemental desse departamento vegetal da natureza, vemos as crianças elementais dessas árvores brincando alegres sob o olhar do anjo que as dirige. Precisamos compreender o que é a música, a alegria e o otimismo. Qualquer um fica extasiado ao escutar A Flauta Mágica de Mozart, a qual nos recorda uma Iniciação egípcia.

A inefável música dos grandes clássicos vem das delicadas regiões do Nirvana, onde reina apenas a felicidade que está além da mente… Todos os grandes Filhos do Fogo destilam o perfume da felicidade e a delicada fragrância da música e da alegria…  (Rosa Ígnea)

Resultado da criação última. A Flauta Mágica ao recordar uma iniciação egípcia demonstra de maneira clara onde os Veneráveis Compositores foram buscar os acordes magistrais, nas delicadas regiões do Nirvana. As regiões onde se ganha o direito de entrar ao realizar a Obra, a miniatura das sensações, sons e cores do próprio absoluto.  Um pedaço da felicidade e amor supremos, que é possível encarnar aquele que suportou as duras provas. Aquele que venceu todos os desafios, aquele que caiu 6 e levantou 7, aquele que não se deixou abater em nenhum momento. Benditos os grandes clássicos e as grandes Obras que nos fazem ao menos durante alguns segundos contemplar a dita inefável. A música, a alegria e o otimismo devem fazer parte da vida do iniciado para não atrair e fixar por afinidade as sombras que cercam todas as luzes… Só na grandiosidade de Júpiter (uma das magistrais Obras de Mozart) poderemos compreender os níveis sublimes que nossa alma pode atingir dentro desse sistema extraordinário das criações cósmicas. E assim está se fazendo. “Porque ao que sabe a Palavra da Poder, Ninguém a pronunciou, ninguém a pronunciará senão somente Aquele que O tem Encarnado.” A Palavra é a Obra, a Grande Obra, a Grande Ópera, o MAGNUS ÓPUS. E assim está se fazendo. Porque como foi um dia, mais uma fez será, o Drama é Cósmico e Eterno.

Mozart, um Iniciado.

(Fim)       25 de maio de 2015

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