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Equilíbrio Biopsíquico

homem-montanha_zps605c0935O ar, ainda que estejamos imersos em seu “oceano”, ainda que respirando-o de instante a instante, despendeu muitos séculos para que permitisse ser descoberto e compreendido. Hoje sabemos sua massa, sua constituição e como utilizá-lo, fracioná-lo, de acordo com nossos interesses. Mas nem sempre foi assim. Talvez os peixes dentro de um oceano tampouco tenham consciência de que existe a água.

Até menos de um século atrás, cerca de 90% da população mundial vivia em pleno campo e dele dependia a própria sobrevivência. Despertavam com a aurora, cultivavam a terra, conheciam as fases da lua, as estrelas e os ventos. Os veredictos da natureza, temporais, vendavais e secas, regiam a abundância ou a destruição dos povos. Foi neste cenário natural que o Homem se desenvolveu, e no qual a natureza modelou seus ossos, músculos e psique, de acordo com suas necessidades.

Em menos de um século as circunstâncias fizeram com que a máquina humana se tornasse obsoleta frente à vida moderna. Para que tantas capacidades de movimento se o teclado exige apenas que os dedos se movimentem? Para que um sistema digestivo tão robusto, capaz de prover tanta energia às células se a maior parte do tempo se passa sentado? Para que um pulmão tão volumoso se a necessidade de oxigênio é tão pequena?

estress_zps1b5f3303Já no tocante ao aparelho psíquico, precisamos de mais alguns cérebros, nervos, encéfalos, medulas, para suprir a demanda de um aumento exponencial de eventos e circunstâncias. Esse nunca estará saudável frente a tantas exigências modernas, e sem uma medicina especial.

Cada evento da vida é composto de uma série de impressões que necessitam ser digeridas pelo nosso aparelho psíquico. As fortes impressões despendem dias ou até semanas para que nosso sistema psíquico se recupere: palavras impregnadas de violência e emoção, diálogos morbosos, pressão social e familiar, falsas necessidades, compromissos, desejos de grandeza, cenas descompostas processando-se em sequências sobrepostas, contínuas e infindáveis…

Ainda que, por nascer em tal contexto, o indivíduo não perceba claramente tais agressões, em seu íntimo sabe que algo está fora da ordem. Surge a necessidade de uma mudança radical, que deve ser devidamente canalizada. Uma mudança de fundo e não de forma. Torna-se urgente receber as impressões de cada cena não de uma forma diferente, mas com sentidos de percepção diferentes.

Há que recorrer às práticas milenares dos distintos troncos culturais, que permitiam aos homens o completo domínio de sua psique e de suas reações, fossem essas emocionais, instintivas, motoras, intelectuais ou sexuais. Uma atitude irresponsável frente a si mesmo em nossos tempos modernos é fatal para o equilíbrio biopsíquico. Enferma a psique, enferma a mente, enferma o corpo.

Obsessão psíquica, depressão, angústias, irritação, são alguns dos frutos de uma psique violentada pelo estilo moderno de vida.

Tais técnicas milenares são objeto de estudo da ciência gnóstica. Convertem-se, de fato, em instrumentos de um processo de investigação íntima. Algumas são destinadas aos momentos em que estamos interagindo nos eventos; outras são utilizadas para aqueles eventos que alteram nosso estado de ânimo e deixam resíduos em nossa psique; e outras ainda são aplicadas para aqueles momentos em que nosso corpo dorme no leito.

silencio_zpsaefe855cPara a vida eventual estão as técnicas que permitem manejar voluntariamente os estados interiores e combiná-los com os eventos exteriores. Entenda-se estados interiores por este universo interior que se compõe de sentimentos, pensamentos e impulsos instintivos e sexuais. Entenda-se eventos exteriores pelo conjunto de fenômenos perceptíveis pelos cinco sentidos. Quando sabemos combinar os estados interiores com os eventos exteriores obtemos harmonia.

Para tratar o resíduo passivo em nossa mente, há as técnicas de higiene psíquica, intimamente relacionadas à meditação, inspiração e contemplação.

Tais técnicas permitem o ingresso no mais profundo de nosso subconsciente, solucionando antigos traumas e obsessões, desintegrando medos, angústias, e provendo a verdadeira liberdade do espírito.

Se no passado essas técnicas se dirigiam a uma seleta elite destinada a experimentar o inóspito, hoje é vital para o equilíbrio do indivíduo, submetido a sistemas completamente desequilibrados e dissociados da natureza para a qual foi concebido.

Alexandre Amaral
Instrutor Gnóstico

2 Comentários

  1. A vida ensina que devemos cuidar do nosso mundo interior, para que possamos cuidar das circunstâncias que se apresentarem no mundo exterior…

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